Brincando na Escola

"Escola é o lugar onde se faz amigos. Não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos... Escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima.(...) Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade(...)" Rubem Alves

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O X da educação: Jornal Zero Hora

Raio-x do problema da falta de disciplina nas escolas brasileiras
Descontrole de alguns alunos tem efeitos negativos para professores e estudantes

Juliana Bublitz juliana.bublitz@zerohora.com.br


De coadjuvante nas salas de aula, onde durante anos foi mantida sob controle à base da palmatória, a indisciplina virou centro das atenções nas escolas brasileiras. De um lado, em função das agressões contra professores. De outro, pelos reflexos no desempenho dos alunos. Confira aqui o raio-x dos problemas trazidos pela falta de disciplina.
O problema
A cada ano, os professores brasileiros perdem, em média, 35 dias inteiros de aula tentando controlar alunos bagunceiros. A estimativa, divulgada no mês passado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é um retrato do avanço da indisciplina nas escolas das redes públicas e privadas do país.
Para a docente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Roséli Maria Olabarriaga Cabistani, que palestrou no 10º Congresso da Escola Particular Gaúcha, em julho, a origem do descontrole está nas escolhas de uma sociedade baseada no consumismo.
– Antes, o professor estava em uma posição de autoridade, porque a sociedade lhe conferia isso. Mas os valores mudaram. Hoje a autoridade está nas mãos de quem tem maior poder aquisitivo – resume.
Segundo o professor de Psicologia da Educação da UFRGS Fernando Becker, as coisas começaram a sair do controle nas salas de aula brasileiras quando a educação tradicional, centrada na figura do professor, deu espaço a uma proposta mais progressista. Nesse novo cenário, muitos educadores simplesmente não conseguiram mais encontrar seu espaço, o que contribuiu para o descontrole.
Ao mesmo tempo, especialistas concordam que fatores externos à escola também influenciaram nesse processo, entre eles a a mídia, o avanço da violência e a omissão das famílias. Entre os 23 países investigados na pesquisa da OCDE, o Brasil aparece no topo da indisciplina, um problema que também vem sendo evidenciado a partir de outros estudos.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, uma pesquisa do Sindicato dos Professores das Escolas Particulares (Sinpro) revelou que, de 440 entrevistados, 83,2% já tiveram a autoridade questionada por alunos e 12,8% relataram ter sido vítimas de agressões físicas.
A consequência
O avanço da indisciplina e do desrespeito em sala de aula não resulta apenas em dores de cabeça, traumas e contusões em professores e alunos. Também se reflete no desempenho escolar sofrível dos estudantes brasileiros.
Segundo especialistas, o mau comportamento é um agravante do cenário caótico da educação no país, que nas últimas três provas do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), aplicados a cada três anos pela OCDE, amargou as últimas posições.
– O problema é que a maioria dos professores leva as más atitudes dos alunos para o lado pessoal e acaba confrontando e brigando com eles na aula. Isso gera um clima de estresse muito grande e, sem dúvida, contribui para piorar o desempenho de todos – afirma a professora de Psicologia da Educação da UFRGS Tania Beatriz Iwaszko Marques.
Além de resultar em notas ruins, a indisciplina causa traumas às vezes definitivos nos educadores, muitos dos quais vítimas de agressões graves, físicas e verbais – como aconteceu com a professora Glaucia Teresinha Souza da Silva, 25 anos, que sofreu um traumatismo craniano depois de ser empurrada por uma aluna, em Porto Alegre, em março deste ano.
A situação no Rio Grande do Sul se tornou tão problemática que o Sindicato dos Professores das Escolas Particulares (Sinpro) chegou a criar o Núcleo de Apoio ao Professor contra a Violência (Nap).
– Notamos que, com o passar do tempo, tem aumentado muito o nível de agressão dentro de sala de aula. O problema se agrava quando se aproxima o final do ano, por causa da pressão por notas e pelo cansaço. Os professores se sentem muito sozinhos para lidar com essa situação. Eles adoecem por causa da estafa a que são submetidos – diz a diretora do Sinpro e coordenadora do Nap, Cecília Farias.
As soluções
Apesar do rastro de consequências negativas, o avanço da desobediência diante do quadro negro tem solução. Especialistas apostam em uma mudança de comportamento tanto na família quanto na escola.
O primeiro passo para recuperar o respeito da gurizada em sala de aula e garantir o bom comportamento, segundo a professora da Faculdade de Educação da UFRGS Roséli Maria Olabarriaga Cabistani, é a reaproximação dos pais. Nos últimos anos, a pesquisadora lembra que eles relegaram à escola a tarefa de transmitir a civilidade – imprescindível quando o assunto é disciplina. Essa passividade, porém, precisa ficar para trás.
– É difícil culpar os pais, porque eles também estão numa posição complicada, já que precisam trabalhar para dar o melhor aos filhos. Mas é muito importante que estejam presentes pelo menos nos momentos mais importantes. Às vezes, uma palavra já faz a diferença – acredita Roséli.
Por outro lado, conforme a professora Tania Beatriz Iwaszko Marques, também é necessária uma nova postura por parte dos educadores para reverter o problema da indisciplina. A especialista afirma que de nada adianta o professor dominar o conteúdo de sua matéria, se não sabe transmiti-lo. Na mesma linha, o pesquisador Fernando Becker ressalta ainda que a formação docente precisa melhorar.
– Um professor sem preparo adequado quase que inevitavelmente vira alvo do aluno mal-intencionado. Além de saber tudo do assunto que ensina, ele deve entender que não pode entrar no jogo e bater boca com os jovens – afirma Becker.
É consenso entre os estudiosos que as aulas têm de ser mais atraentes e conectadas à realidade da garotada. O grande desafio da escola, nesse sentido, é ser desafiadora. E, mais do que isso: surpreender.


ZERO HORA
Saiba mais
Desordem e desperdício
- Entre educadores consultados em 23 países para o relatório TALIS (Teaching and Learning International Survey), o professor brasileiro é o que gasta mais tempo para pôr ordem na classe.
- Em média, ele desperdiça 17,8% do tempo das aulas na tarefa (o que equivale a 35 dias do ano letivo), contra 13% em média.
- Entre os países avaliados, o mais disciplinado foi a Bulgária, onde a perda de tempo não passa de 5%.
As feridas do desrespeito
- Um estudo da Associação dos Supervisores de Educação do Estado aponta o desrespeito por parte dos alunos como a segunda principal razão para não se seguir a carreira de professor
- Pesquisa do Sinpro revelou que 83,2% dos professores haviam sofrido desrespeito da autoridade e 12,8%, agressões físicas
- Segundo o Cpers/Sindicato, 40% das licenças de saúde são por problemas psicológicos
O que os pais podem fazer
- Não tenha receio de dizer não quando necessário
- Ensine a criança ou o adolescente a se colocar no lugar do outro
- Procure frequentar a escola de seu filho
O que os professores podem fazer
- Procure estabelecer uma relação de respeito mútuo
- Esteja atento aos sinais que os alunos estão dando. Conversas paralelas podem ser um indício de que as suas aulas são ruins



Salete Gazzola - Denuncie este comentário10/10/2009 14:46
Concordo com o que os estudiosos falaram , só que esquecem sempre um ponto muito importante que atualmente os educadores esquecerem amuito tempo que é o ensino biblico dentro das escolas e eu digo que nem é preciso ter uma diciplina basta algumas frases falando de amor umildade ,e respeito por DEUS e pelo proxmo, antigamente não se comesava uma aula sem fazer uma prece, hoje isso é brega então eu pergunto ! onde está o respeto e o amor a DEUS e ao proximo?? modernidade é muito bom , mas o respeito e o amor tem que caminharem juntos, lembro da data 7 de setembro astiavamos a bandeira cantavamos o hino nacional no patio da escola hoje isso acontece ainda em algumas escolas.


MileneDenuncie este comentário06/10/2009 11:12
Sou um tanto leiga no assunto, não sou professora, mas já fui aluna, e sabemos que há exceções. Há alunos bons e professores ótimos, mas há também aqueles que não querem nada com nada. A educação vem de casa. O professor está ali pra ensinar o conteúdo e não pra explicar como deve se comportar em sala de aula. Os professores deveriam ter mais autoridade, como antigamente, e nem é tão antigo assim, tenho 23 anos e quando eu tinha 8, ainda vi uma professora quebrar uma régua na mão de um aluno, e esse aluno dava risada. Hoje ele é uma boa pessoa, mas e se não tivesse sido advertido quando era menor, será q ele não estaria de um lado ruim da sociedade hoje?O q conta é o que passamos na infância

Fonte: http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/oxdaeducacao/19,0,2604409,Raio-x-do-problema-da-falta-de-disciplina-nas-escolas-brasileiras.html